Moçambique pode enfrentar "caos mais profundo" após validação eleitoral, alerta analistas
Moçambique atravessa uma grave crise política e social, agravada pelos resultados das eleições gerais de 9 de outubro, que mergulharam o país em protestos violentos e uma tensão crescente.
Em entrevista à DW, o analista político André Mulungo afirmou que a única solução para a instabilidade é um "diálogo genuíno", mas destaca a aparente falta de interesse da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e do Presidente Filipe Nyusi em seguir essa via.
Mulungo destacou que a validação dos resultados eleitorais pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que apontam vitória para a FRELIMO, pode agravar ainda mais a situação.
“Se o Conselho Constitucional validar esses resultados, os protestos podem piorar, levando o país a um caos mais profundo”, alertou.
Desde o início do processo eleitoral, Moçambique tem registrado dezenas de mortos, cerca de 60 vítimas da violência policial, mais de 1.000 feridos e 4.000 detenções arbitrárias.
Protestos como o bloqueio da EN1, em resposta às fraudes denunciadas pelo opositor Venâncio Mondlane, revelam o crescente descontentamento popular.
Para André Mulungo, o país está "paralisado" e enfrenta uma crise sem precedentes, tanto política quanto de direitos humanos.
O analista acredita que, historicamente, o diálogo sempre foi a saída para crises similares, mas desta vez observa mudanças no padrão do conflito, agora concentrado nas áreas urbanas.
Apesar disso, Mulungo é cético quanto à possibilidade de conversações entre o Governo e a oposição.
“Não parece haver interesse da FRELIMO em avançar para um diálogo genuíno, mesmo diante da possibilidade de agravamento dos protestos”, concluiu.
Enquanto Moçambique aguarda a decisão do Conselho Constitucional, o futuro do país permanece incerto, com o risco de uma escalada na violência caso os resultados eleitorais sejam oficialmente reconhecidos.
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Fonte: DW
