Manifestações Não São a Única Causa da Crise de Salários na Função Pública em Moçambique
O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, alertou nesta quarta-feira, 4 de dezembro, sobre a possibilidade de o governo enfrentar dificuldades para pagar os salários dos funcionários públicos devido à baixa arrecadação de receitas fiscais.
Ele destacou que as manifestações pós-eleitorais têm contribuído para paralisar o país e afetar a coleta de impostos, com a meta de novembro atingida em apenas 80%.
Nyusi, em diálogo com reitores universitários, expressou preocupação com a situação, especialmente em relação ao pagamento de enfermeiros e professores. Além disso, apontou a ausência de apoio externo ao orçamento do Estado como outro fator agravante.
O comentador político Augusto Pelembe questionou a justificativa do Presidente, afirmando que a crise na função pública antecede as manifestações.
"Os salários já vinham sendo pagos de forma faseada há anos. Usar as manifestações como desculpa parece um argumento conveniente para desviar de responsabilidades," comentou Pelembe.
Por outro lado, o economista Egas Daniel reconheceu que as manifestações afetam a arrecadação, mas lembrou que a crise foi agravada pela implementação da Tabela Salarial Única e pela queda na atividade econômica. "
O pagamento dos salários agora dependerá da priorização pelo governo," destacou.
As manifestações pós-eleitorais, organizadas pelo candidato independente Venâncio Mondlane, trouxeram bloqueios de estradas nas cidades de Maputo e Matola, forçando milhares de pessoas a percorrer longas distâncias a pé. Além disso, a fronteira de Ressano Garcia, com a África do Sul, foi novamente fechada.
A Polícia da República de Moçambique relatou cinco mortes e danos em quatro esquadras devido aos protestos.
A situação levanta preocupações sobre a sustentabilidade econômica do país e reforça o debate sobre as medidas que o governo deve adotar para lidar com a crise.
Fonte:voa Português
